A religiosidade que aparta, sufoca e reprime

Eu acredito que o segredo da boa convivência é aceitar a diversidade do ser humano, apesar de eu ter muita dificuldade, principalmente em aceitar os radicais. Um dia desses ouvi alguém comentar sobre um desses absurdos que acontecem no mundo de hoje: foi um pai que jogou um filho da janela de um apartamento, um policial que atirou num cidadão indefeso ou um bêbado que atropelou pessoas inocentes. Até aí tudo bem. Entretanto, de repente, escutei alguém dizer que a culpa era do diabo. Aquilo me deixou tão angustiado que resolvi entrar no assunto. E nossa maldade interior, o poder de decidir entre dirigir embriagado ou pegar um táxi, o entendimento de que minha filha indefesa é o meu bem mais precioso e, portanto, devo protegê-la e não matá-la, mas acabo escolhendo a pior alternativa? De quem é a culpa? Povero Diavolo.

Daí veio a pérola: As pessoas não buscam a proteção de Deus e, portanto, estão vulneráveis à ação do mal. Se for uma família que ora, busca e jejua esse tipo de tragédia não os atinge!

Ham?

Então, todo mundo que morreu de câncer até hoje não era bom cristão? Uma tragédia, um mal incurável... Culpa de quem? Da má alimentação, do excesso de agrotóxico nos alimentos, os hormônios nos frangos e por aí vai. E pode orar, pode acender vela, que de nada vai adiantar. O atropelamento está disponível a qualquer pedestre que se aventura a “andar”. Bala perdida fica a procura de um corpo cristão, muçulmano, judeu, budista ou ateu para detê-la.

No momento em que colocamos toda culpa no demônio e damos todo crédito a Deus, nos eximimos de qualquer responsabilidade. É fácil colocar um adesivo no carro dizendo que ele é PROPRIEDADE DE JESUS, PRESENTE DE DEUS, PROVA DA FIDELIDADE DIVINA, mas não deixe de pagar três das setenta parcelas que o Bradesco o toma de você. E eles nem vão ter o trabalho de procurar a residência celestial para notificá-lo.

Sinceramente não tenho simpatia pelo demônio, como diria os Rolling Stones, mas acho que o mal está aqui, tanto quanto o bem e cabe a nós decidirmos o caminho a seguir, sem religiosidade, sem falso moralismo, sem apontamento de dedo.

Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano.O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo. O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado. Lucas 18: 10-14

Comentários

  1. É bem isso mesmo, cara. a religião deve ser antes de tudo orientação espiritual e não deveria estar atrelada a conquistas materiais ou intolerâncias.

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  2. A religião sofre um retrocesso. Já tem igreja cobrando pedaço de terra no céu. De volta a Idade Média.

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